Mustang

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Gregório Marin Júnior, um empresário de 38 anos, que mora e trabalha em São Paulo, tem uma raridade que é apreciada por onde passa. O objeto de cobiça do empresário é nada menos que um Ford Mustang, ano 1967.

Esse clássico chama tanto a atenção que o Portal Carro Online não resistiu e ao ver o carro estacionado em uma oficina da cidade, perguntou, investigou e conseguiu fotografar detalhes dessa raridade. Não contente com somente um exemplar, dicidiu contar parte da história de sucesso do Mustang.

Considerado um dos ícones do "american way of life", o Ford Mustang foi apresentado ao público pela primeira vez em 17 de abril de 1964, no Salão Internacional de Nova York e se tornou um dos modelos de maior sucesso na história do automóvel.

Idealizado por Lee Iacocca (então vice-presidente da Ford Motor Company e gerente da divisão Ford), o carro com o cavalo prateado na grade do radiador atingiu 250 000 unidades vendidas logo no primeiro ano, sendo 22 000 encomendados já no primeiro dia.

O primeiro protótipo apareceu em 1962, desenhado por Joe Oros. O modelo lançado dois anos depois tinha quatro lugares, capô longo, teto baixo, traseira curta, câmbio no assoalho, mais de 4,5 m de comprimento e custava menos de US$ 2 500.

Ao longo dos quase 40 anos em que vem sendo produzido, um dos mais famosos cupês americanos, ao lado do Corvette, da GM, (veja mais) alternou momentos de glória e crise de identidade.

Os primeiros Mustang tinham a plataforma do compacto Ford Falcon, do qual herdaram também a suspensão. Além do longo capô e dos vincos nas laterais que terminavam em entradas de ar próximas às caixas de roda, o visual era composto por faróis redondos, grade cromada e pequenas lanternas de formato retangular. A riqueza de cromados, o retrovisor redondo e a marca do cavalo de raça nos pára-lamas dianteiros também faziam parte dos detalhes do cupê da Ford.

Década de 60

Eram três tipos de carroceria: cupê, conversível e, no final de 1964, o fastback. Dois anos depois a casa de 1 milhão de unidades comercializadas era ultrapassada. O Mustang estava em todos os lugares: em ralis (Monte Carlo, 1965), nos lugares chiques da moda, nas telas de filmes famosos e nas pistas, graças a Carrol Shelby.

Os motores oferecidos eram três (sempre com a cilindrada medida em polegadas cúbicas como manda a tradição norte-americana): 6 cilindros em linha de 170 pol³, V8 de 260 pol³ e V8 de 289 pol³. Um ano após o lançamento, surgia a famosa versão Shelby GT 350, com 310 cv de potência, que aumentou para 405 cv no ano seguinte.

Eram modelos preparados pela empresa fundada por Carol Shelby, piloto texano que fez sucesso nas pistas a bordo de modelos Ford, entre os quais o conversível AC Cobra.

Iacocca lançou a idéia do "faça seu carro", com seu vasto catálogo de opções, segundo as posses e o gosto do cliente. Era oferecido conta-giros, ar-condicionado, console esportivo, calotas, teto de vinil, freios a disco... Havia o Rally Pack e o GT Pack. De seus motores surgiu o conceito dos muscle-cars, os "carros musculosos".

Em 1967 a carroceria aumentou 5 cm em relação ao modelo original, e a partir de então o carro da Ford começava a enfrentar o seu maior rival: o Chevrolet Camaro, lançado em setembro do ano anterior.

Assim, as opções de motores mais potentes vinham para combater o concorrente da GM. O primeiro deles foi o V8 de 390 pol³ (6.4 litros), seguido pelos 427 e 428 (7.0 litros), este último deixava a frente muito pesada e prejudicava a estabilidade. Infelizmente, o Mustang começava a crescer de tamanho, deixando para trás o conceito de pony-car. No mesmo ano, o modelo com motor 289 foi substituído pelo famoso 302 (5.0 litros), que foi usado nos Maverick e Galaxie brasileiros.

Em 1969 a segunda reestilização, comprimento 6 cm maior e a chegada das versões brutais Boss e Mach-1. Entravam em cena os motores 302 (herdado do nosso Maverick), 351, o Cobra-Jet Ram Air 428 (7.0 litros e 335 cv) e o potentíssimo 429, com 375 cv, que equipava a versão Boss. Era um Mustang destinado às corridas de Nascar e a competir com Chevrolet Camaro Z28, Pontiac Firebird, Dodge Charger e outros que começavam a incomodar.

A versão Mach 1 era a top de linha, com faixas laterais pretas e capô preto-fosco com tomadas de ar e travas externas. Nesse ano, Carrol Shelby fez a versão 500 conversível, equipada com um santantônio e frente modificada. Eram carros mais esportivos, com suspensão recalibrada e disponíveis apenas com capota rígida. As entradas de ar no capô (pintado de preto e com travas extras de segurança) e o vidro traseiro inclinado acompanhando o desenho do porta-malas eram características marcantes desse modelo.

Década de 70

Em 1971 outra alteração na carroceria começou a torná-la grande (30 cm maior que a do modelo de 1965), pesada e ainda mais distante do conceito original. Em alguns modelos, como o Grandé, o interior ficava requintado demais para um esportivo.

Com a crise do petróleo, os motores V8 saíram de cena em 1974, e o carro passava a se chamar Mustang II, menor e mais econômico do que as versões anteriores. Sob o capô, pequenos motores 2.3 de 4 cilindros ou um V6 2.8. O lendário 302 voltava no ano seguinte com potência reduzida. Até 1978, o carro teve de se adaptar às novas leis antipoluição e aos tempos de economia de combustível.

Com uma nova frente de quatro faróis e sem o tradicional cavalinho na grade dianteira, o Mustang feito entre 1979 e 1986 era mais largo do que o Mustang II e pesava menos. Os motores V8 voltavam a fazer parte do conjunto mecânico, mesmo que sem toda a potência dos áureos tempos. A injeção eletrônica, os componentes de plástico, os câmbios de 5 marchas e as versões de 4 cilindros turbinadas eram as características dessa geração.

Foi a partir de 1994 que a marca do cavalo de raça voltou à grade dianteira e o carro passou novamente a merecer destaque. Os potentes motores V8 tornaram a respirar livremente e as versões especiais surgiam com visual cada vez mais agressivo. A tradição da marca uniu-se aos avanços de tecnologia, e a esportividade entrou em harmonia com os níveis ideais de emissão de poluentes e de economia de combustível.

O Mustang do ano 2000, com a sigla Cobra R, é capaz de atingir 270 km/h e é equipado com motor V8 5.4 de 390 cv. Já em 2002, a Ford voltou às raízes e relançou no Salão de Nova York (veja mais) uma edição especial de seu grande sucesso, e a história continua....

Por Emilene Pardo